terça-feira, 30 de dezembro de 2008

2008 - a reta final

Meu blog mais uma vez sofre a pior ameaça que um blog pode sofrer: virar lixo no ciber-espaço. O que seria de um blog se ninguém o visitasse? Nada mais do que informação inútil perdida na rede.

Há alguns dias ninguém "me visita". Mas também, pudera, há alguns (muitos) dias não escrevo nada por aqui.

A minha ausência se deve ao fato de Plutão "estar" em Capricórnio. Não entendeu? Calma, eu explico! Esse ano foi um ano de grandes mudanças, em especial no que se refere a empregos. Tive, no total, uns 6 empregos diferentes esse ano, entre formais e informais. Claro que não foi um de cada vez. Até porque professor "que se preza" não trabalha em um lugar só. Quando me dizem que professor ganha mal, eu costumo até dizer que até ganha sim, mas que dificilmente fica desempregado, afinal, se sair de um emprego, ainda tem os outros.

Mais voltando aos meus 6 empregos, não se assuste, não foram todos ao mesmo tempo. Digamos que a partir do meio do ano foram várias combinaçoes diferentes. Até porque ainda não me tornei uma "ninja da educação". Meus colegas chamam de "ninja" quem dá muitas aulas na semana. Esse ano, conheci um professor que dá 48 tempos de aula por semana. Dá para imaginar? Pois bem, eu nem quero imaginar.

A essa altura, você pode estar se perguntando: "mas e Plutão e Capricórnio, o que têm a ver com isso?". Bem, não é que eu leve muito em conta a astrologia não, mas é que no meio do ano, uma pessoa me disse que este ano, devido a essa conjunção astral, seria um ano de muitas mudanças. É claro que sempre há mudanças, em todos os anos, mas devo concordar que esse foi em especial de muitas mudanças para mim, especialmente no que se refere a minha vida profissional.

Por conta de um concurso, acabei indo para a serra. Apesar da apreensão inicial, tenho curtido viver em um lugar onde não há tanto medo de sairmos na rua, onde as pessoas ainda se cumprimentam e sorriem com frequência. É a vida no interiorrr.

Me adaptei tão bem que estava decidida a me mudar de mala e cuia para lá, ainda que a grana fosse curta. Mas lembre-se que 2008 é (ainda é, pelo menos até amanhã) o ano da mudança, e aos 45 do segundo tempo, descobri que passei em um concurso para o Rio, o que faz com que meu 2009 por enquanto seja um ano de incertezas.

As incertezas eram para mim, assim, algo aterrador. Mas, tenho aprendido a não me dobrar ao medo líquido. Não viver no futuro devido aos ataques de ansiedade. Esse é um exercício difícil nos dias atuais, e eu confesso que invejo quem consegue viver sem esse componente estressante.

Bom, esse post tá mais ou menos como uma avaliação do ano que passou. Só não posso traçar muitos planos para 2009 se não meu exercício anti-ansiedade vai para o "espaço" (tipo perto de plutão).

Ai que coisa.... mmmmmmm...

CARO VISITANTE: FELIZ 2009!

P.S.: Eu já não sabia muito bem usar o hífen e muitos acentos, agora com a reforma então! Espero não ter cometido muitos erros.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Abismo entre Teoria e Prática

Neste final de semana, assisti a uma mesa redonda interessante. Não lembro o título, mas ela falava sobre ensino de ciências, diversidade e preconceito.
Apesar de ter achado bem interessante, tive uma sensação que tenho freqüentemente: a de que aquelas pessoas que estão falando não conhecem a realidade escolar.

Eu tenho essa sensação diversas vezes ao ler um livro ou ao assistir a uma palestra de algum teórico na área de educação. Na verdade, tenho essa sensação desde a minha formação inicial, pois eu já dava aulas. Sempre questionava aos meus professores como transpor aquelas idéias para a prática e em geral eles rapidamente mudavam de assunto. Conversando com amigos professores, percebo que eles compartilham esse sentimento e muitos dele abandonam a busca por fundamentações teóricas, e atuam de forma intuitiva ou empírica. Não desprezo a percepção do professor, mas acredito que a teoria me ajuda a aguçar essa percepção, a transformar ou refinar o meu olhar sobre a minha prática e portanto, estou constantemente buscando idéias ou teorias que me ajudem nesse processo.

Por coincidência, nessa semana, peguei um livro emprestado chamado "A invenção da Escola a Cada Dia" que no capítulo de abertura discute que muitas políticas públicas públicas e teorias pedagógicas desconhecem a realidade escolar. As autoras citam que "muito se fala sobre escola, de fora da escola, de longe da escola, muitas vezes a partir de um absoluto desconhecimento em relação ao que acontece dentro da escola a cada dia... A escola da qual tanto falam é uma simplificação a partir de um paradigma reducionista que ignora tudo o que se passa e se cria nesse espaço/tempo de aprender e ensinar de relações de subjetividade, de encontros e desencontros de socialização."

Acho que isso explica muito esse abismo entre a teoria e a prática: a realidade escolar é ignorada. De nada adianta a mais utópica das teorias se ela não leva em consideração os atores sociais presentes nas escolas.

Além disso, é importante ressaltar a enorme carga de responsabilidade que a figura do professor passou a ter. O professor tem de ser o profissional responsável pela transformação social; pela criação de uma sociedade mais ética e igualitária e além disso, ensinar bem todos os conteúdos de sua disciplina. Dá-se essa responsabilidade a esse profissional, mas não dá-se possibilidades para que eles a exerçam. Isso é uma longa discussão que na qual eu não pretendo me alongar agora.

Nilva Alves & Regina Leite Garcia (org.).2000. A Invenção da Escola a Cada Dia. 144p. Coleção O Sentido da Escola. DP&A Ed.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

DIa do Professor

Hoje, entre os vários e-mails que recebi, um explicava que comemora-se o dia do professor no dia 15 de outubro pois
"No dia 15 de outubro de 1827 ,D. Pedro I baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Esse decreto falava de bastante coisa: descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A idéia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida."

Apesar de dar aula desde o segundo período da faculdade em um pré-vestibular social (o que já faz algum tempo, considerando que me formei em 2004), foi só durante o meu estágio, em 2006, quando tive de volta contato com a escola, que resolvi ser menos bióloga e me tornar de vez professora. Colei grau na licenciatura em janeiro de 2007 e de lá para cá, posso dizer que já tive experiências muito diversas:
1- Dei aula em um colégio público de qualidade. Um colégio, onde apesar de haver dificuldades próprias de todo colégio, havia profissionais éticos e comprometidos com o ensino público. Lá dei aula de Ciências e de Biologia.
2- Fui professora de um bom colégio particular. Lá eu ganhava bem, tinha uma boa infraestrutura, era respeitada como profissional, mas sentia que meu trabalho não contribuía para a construção de uma sociedade mais justa e menos desigual.
3- Trabalhei como tutora de Biologia, em um curso de Educação à Distância. Pude conhecer pessoas com histórias de vida diversas, mas que tinham em comum, o valor pela educação e a dificuldade de ter cursado um curso superior em momentos anteriores.
4- Dei aula em um colégio público com péssima infra-estrutura, baixos salários, professores que detestavam dar aula, alunos complicados, mas aonde eu consegui fazer uma certa diferença.
5- Também trabalhei em um outro colégio público com os problemas citados no anterior, mas aonde além de receber muito mal, sofri uma série de agressões por parte dos alunos e onde por fim pedi demissão.

Posso dizer assim, que em pouco tempo, tive uma bela amostragem da realidade da educação do nosso país. É claro que há muito mais para se conhecer, mas esses dois últimos anos foram muito intensos profissionalmente para mim. Algumas vezes, tive a sensação de ir do "céu" ao "inferno" profissional. Havia dias em que eu dava aulas, no mesmo dia, para alunos que viviam em condição de miséria, ou em casas luxuosas em bairros nobres. Alunos que moravam em fazendas, condomínios, favelas, tudo isso em uma mesma semana.

Durante a faculdade, tive aulas que diziam que deveríamos considerar os conhecimentos prévios dos alunos, sua bagagem cultural. Pois bem, tinha que lidar com alunos cujo pai estava preso, e alunos que tinham que adiantar a prova pois passariam as férias na Europa. Perceba que entre esses alunos, havia uma série de outros que não ficavam nesses extremos.

Durante esse período, dei muitas aulas, corrigi muitas provas, dormi pouco, me alimentei muitas vezes mal, e ainda assim, não ganho o suficiente para me sustentar.
Hoje, dia do professor, estou aliviada por não ter que trabalhar, por ter direito a um descanso.

Mas hoje, além de ser dia do professor, é aniversário da minha mãe. Minha mãe é assistente social, e a minha vida inteira a vi trabalhando, lutando por mudanças, criticando a desigualdade, o preconceito, a ignorância que leva à essa desigualdade e a esse preconceito e acho que não por acaso, me tornei uma professora que acredita que tem como objetivo educar, acreditando que a educação é a base para essa transformação pela qual lutou e luta minha mãe e tantas outras pessoas.

Nesses dois anos, mais do que ensinar, aprendi. Aprendi muito sobre biologia e ciências, mas mais ainda, aprendi muito sobre o ser humano.
Espero continuar aprendendo, e como me disse uma amiga:
"Parabéns pelo dia que é nosso! E muita força para seguir em frente apesar das adversidades!!!!
Que presenciemos ainda dias melhores...."

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Pílulas ou... Mudando de Assunto

Bom, mudando um pouco de assunto e falando menos sobre a vida de professora.

Essa semana eu baixei o cd novo do Marcelo Camelo que é algo assim... MUITO BOM!

Eu me lembro até hoje a primeira vez que tive contato com o Los Hermanos. Eu estava em uma aula prática de Bioquímica na faculdade quando percebi que dois amigos estavam discutindo por causa de um cd. O cd no caso era "O Bloco do Eu Sozinho". Uma grande amiga tinha emprestado esse cd a um outro amigo e ele devolveu afirmando que ele era uma grande porcaria.

Ela meio contrariada olhou para mim e disse: leva para ouvir, vc vai gostar! Acho que no fundo ela queria que alguém concordasse que o cd era bom. E não era bom, era muito bom! Até então, eu só conhecia "Ana Júlia" e "Primavera".

De lá para cá, as músicas do los hermanos foram me acompanhando. Já me apaixonei, sofri, desapaixonei, reapaixonei, e sempre tinha uma música deles acompanhando minha depressão romântica-existencial que variava da tristeza ao otimismo.
Seguia a máxima de Iaia... que se "peco é na vontade de ter um amor de verdade... pois é, que assim um dia eu me atirei e fui me encontrar para ver que eu me enganei..."

Depois de ouvir (durante uma dor de cotovelo) várias vezes o primeiro cd (que ao meu ver é o mais depressivo) conclui que todos nós sentimos essa perda e que no final tudo passa. Ouvir essas músicas é assim uma espécie de catarse e é por isso que músicas que falem sobre amor fazem tanto sucesso, não é mesmo?

Bem, o "Los Hermanos" foi mudando e eu também, como se nós tivéssemos ficado mais amadurecidos (e menos depressivos). Fui à dois shows muito especiais, um na memorável cantareira, à R$ 10,00. Melhor impossível.

Até que enfim... o Los Hermanos acabou.

Felizmente, Marcelo Camelo está de volta e o cd está totalmente disponível para ser ouvido. Ele estava disponível para download. Mas não está mais. Mas, fazendo um trocadilho infame: "caiu na rede: é peixe". Não é muito difícil achá-lo.

Amei de todo coração a música que ele canta com a Malu Magalhães. Eu tenho vontade de abraçar os dois de tanto fofas que as vozes deles e a melodia ficaram. Carinho para os ouvidos.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Sobre o livro da Escola da Ponte

Bom, na última postagem, eu comentei que fiquei muito entusiasmada com o livro do Rubem Alves "A escola que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir". Prometi também que comentaria aqui sobre o livro.
Cumprindo minha promessa, segue abaixo um trecho que eu achei particularmente interessante. Ele foi tirado do prefácio escrito por Ademar Ferreira dos Santos e ao meu ver despensa meus comentários.
Boa Leitura!

Vemos para fora e para dentro. Fora, vemos apenas o que de efêmero se vai oferecendo ao horizonte dos nossos olhos. Dentro, tendemos a ver o que não existe, freqüentemente, o que desejaríamos que existisse...

Mas, sendo embora aquele que, por inventar o que não existe, antecipa e germina o futuro, o olhar para dentro seria um olhar completamente vazio de sentido se não dialogasse permanentemente com tudo o que existe, fora dele.

Nenhuma mudança se funda no nada, na negação da história ou da realidade ou das suas aparências, por mais efêmeras que se apresentem aos nossos olhos, quando eles vêem para fora. Todas as utopias se reportam ao que existe e tudo o que existe aspira o que não existe. O que não existe precisa do que existe - como se fosse a sua face mais oculta.

Daí que o olhar para dentro e o olhar para fora não sejam olhares inimigos ou disjuntivos. São olhares que se vêem também um ao outro e que eroticamente se desejam, aspirando à comunhão. Olhar apenas para fora ou para dentro seria dolorosamente insuportável. Se tivéssemos apenas olhos para o que existe -
não veríamos o que falta e cegaríamos para as utopias. Se víssemos apenas o que não existe - regressaríamos rapidamente a uma imensa caverna de sombras e cegaríamos para a conteporaneidade. Em ambos os casos, perderíamos a capacidade de ver pelos nossos próprios olhos (muito distinto de ver apenas com os olhos dos outros)...

Nenhum pensamento reclama tanto a comunhão dos olhares para fora e para dentro como o pensamento sobre a educação.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Otimismo voltando

Bom, dizem por ai que "depois da tempestade, vem sempre a bonança".

Essa semana tive "contato" com a Escola da Ponte. Você já ouviu falar nela?
Bom, essa escola é uma escola pública localizada em Portugal.
Eu já tinha ouvido falar vagamente durante a minha graduação. Os professores que falaram sobre essa escola comigo tinham se referido à ela como uma espécie de escola experimental da qual o escritor Rubem Alves adorava falar. Eles falaram de um jeito meio cético, como se essa escola fosse como mais uma dessas teorias educacionais utópicas que a gente lê, pode até concordar, mas que é impossível praticar. Sabe como é?

Eu não procurei saber muito sobre essa escola, mas durante o meu período como professora do estado, o comentário de um aluno em meio a uma aula caótica me chamou atenção: "ei, professora, você é daquela parada da ponte, né?!".
Eu falei com ele: ponte? Que história é essa de ponte?
Ele disse: "é, ponte! É que você fala que nem a professora de geografia, que diz que a gente tem que se respeitar e que não vai gritar com a gente como as outras professoras fazem e que nós não precisamos gritar uns com os outros, que nem eles fazem nessa tal de ponte."
Nesse momento eu comecei a rir e disse "ah sim! Escola da Ponte?!"
Ele confirmou e complementou: "mas não vou te enganar não fessora, no segundo dia essa professora já tava gritando com a gente que nem as outras".
Nesse ponto eu continuei rindo, mas já me imaginava gritando que nem essa ela e ai, apesar de rir, senti uma angústia de quem já tinha passado por isso antes.

Bom, o fim dessa história você já sabe, eu pedi exoneração do estado.

No auge das minhas crises existenciais docentes, meu namorado, que também é professor, disse que eu deveria escrever para o professor "Zé Pacheco" como ele chama. Esse professor é dessa escola lá de portugal. Meu namorado tinha assistido a uma palestra com ele e de vez em quando escrevia contando suas angústias e o professor respondia enviando textos.
Eu não escrevi porque pensei: "imagina se esse cara vai me responder..."
E se respondesse, o que ia adiantar um texto? Mais um texto que é muito bonito na teoria, mas que pouco ajuda na prática.

Bom, mas voltando a tal da Escola da Ponte, meu contato com ela foi retomado ontem. Eu estava na Secretaria de Educação de Friburgo e uma funcionária perguntou se alguém já tinha ouvido falar nela. Eu concordei com a cabeça e ri. Ela então disse que haveria um curso sobre essa escola, que é muito diferente e perguntou se alguém se interessava. Coloquei meu nome na lista. Queria conhecer melhor essa escola, saber o que ela tinha de tão diferente. Ela me entregou então um pequeno texto que explicava o curso. Nele dizia que a Escola da Ponte ficou famosa no Brasil devido a um livro do Rubem Alves chamado "A Escola que sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir".

Mais ou menos 30 minutos depois de me inscrever, eis que vejo esse tal livro lá nas estantes da SEC. Tratei logo de pegá-lo emprestado. Quando comecei a ler, senti uma espécie de carinho no coração. Sabe como é carinho no coração? É aquela sensação agradável no peito que temos quando ficamos genuinamente felizes.
Lembrei que sempre que me sentia angustiada como professora, recorri a um texto do Rubem Alves que sempre tem uma visão tão carinhosa em relação à educação e aos alunos. Era exatamente essa visão que eu estava precisando ter de volta, pois é nela que eu acredito.

O livro é surpreendente. Eu já terminei de ler e pretendo comentar aqui mais vezes sobre ele. Você já leu um livro que te fez chorar? Pois eu chorei algumas vezes lendo este. Um misto de alívio e esperança.

Fiquei com muita vontade de escrever ao Rubem Alves para contar tudo isso a ele. Achei que ele poderia me dar uma palavra que me acalentasse, já que faz isso através de seus livros. Ou apenas que ele ficaria feliz em saber que uma jovem professora não desistiu de seus ideais de trabalhar por uma educação transformadora por mais que isso pareça difícil e utópico e que ele foi grande colaborador.
Mas fiquei com vergonha de escrever, como fiquei com vergonha de escrever para o professor José Pacheco.
Vou ver se tomo coragem.

Mas por hoje é só, afinal já escrevi muito.

domingo, 21 de setembro de 2008

Let´s burn it out

Hoje, em solidariedade ao meu "colapso emocional" que culminou no meu pedido de demissão do estado, recebi um texto sobre a síndrome de Burnout.
Você já ouviu falar nisso?
Bem, se é professor, provavelmente, se não ouviu, ouvirá falar.
Burnout significa algo como combustão completa.

Esta síndrome, se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional).

O termo Burnout é uma composição de burn=queima e out=exterior, sugerindo assim que a pessoa com esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço.

Essa síndrome se refere a um tipo de estresse ocupacional e institucional com predileção para profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda (médicos, enfermeiros, professores).


Eu me sentia exatamente assim! A diferença é que em geral as pessoas levam muito tempo para desenvolverem esses sintomas e eu levei só um mês! rs.

Bom, essa semana eu comecei em um colégio onde eu não tô ganhando muito, mas estou sendo respeitada. (Quanto valor isso passou a ter na minha vida profissional!)

Se você quiser saber mais sobre essa síndrome, dê uma procurada. O texto acima, em negrito, foi tirado do wikipédia.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O que você faria?


Lembra daquela música do Paulinho Moska que dizia: "meu amor, o que você faria se só te restasse esse dia? Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria."

Pois bem, após alguns dias sem ler ou assistir nenhum jornal, eis que eu ligo a tv e ouço uma bombástica reportagem: "Cientistas iniciam um experimento que podem levar ao fim do mundo". O repórter dizia isso calmamente, enquanto eu atônita assistia à reportagem. Seria mesmo possível que o mundo acabasse ou seria apenas mais uma reportagem sensacionalista?

O fato é que a reportagem falava sobre um super acelerador de partículas, montado sob o subsolo da França e Suíça, que tem como objetivo recriar o big-bang em uma pequena escala. Esse experimento custou mais de 8 bilhões de euros, e envolve uns 70 pesquisadores de diferentes países (incluindo o Brasil). Só essa informação, já me deixou mais tranquila, afinal esse monte de cientistas deve saber o que está fazendo. Mas, logo depois, me lembrei que durante a segunda guerra, vários cientistas de renome assinaram uma carta favorável à construção da bomba atômica, o que na minha opinião foi uma das piores idéias da humanidade. É sabido que a responsabilidade do lançamento da bomba não foi desses cientistas, mas certamente, cientistas são humanos, e, logo, passíveis de fazerem coisas estúpidas.

Fiz então uma pesquisa, para tentar entender porque esse acelerador de partículas poderia ser um ameaça à existência do mundo, e descobri que o principal problema seria a possível formação de buracos negros durante o experimento.

Ora, fiquei na mesma, afinal, o que raios é um buraco negro? A imagem que me vem à cabeça é a de um buraco sugando várias coisas, exatamente como é mostrado nos filmes de ficção científica. Decidi então investigar melhor.

Já disse aqui, em um outro post, o que são supernovas. Aprendi o que elas são devido a sua grande beleza. Se aprendi o que era uma supernova, me senti capaz de tentar entender o que de fato era um buraco negro.

Foi difícil! Li em alguns sites e a explicação mais razoável é a de que buracos negros são objetos tão compactos (possuem muita massa em um volume muito pequeno)que faz com que a sua gravidade seja tão intensa que nada ao seu redor escapa (inclusive a luz).



Nessa procura, eu achei um site muito interessante, com muitas explicações. Ele simula inclusive viagens aos buracos negros mais próximos (http://hubblesite.org/explore_astronomy/black_holes/).

Mas, voltando ao problema inicial, seria possível que esse experimento formasse um buraco negro? Tanto o site acima, quanto uma entrevista postada no site G1 com o físico Stephen Hawking, explicam que um buraco negro muito pequeno sumiria em poucos segundos por emissão de energia.

Bom, agora tenho bases científicas para descansar tranquila, assim como se propunha o iluminismo: viver em um mundo iluminado pela razão (sendo assim um pouco irônica).
Pena que submergimos em um mundo calcado no medo líquido. Vivemos com medos, cujos os objetos que os inspiram não são palpáveis, e com os quais vamos vivendo, banalizando tudo para que possamos seguir a diante.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Aqui jaz um ideal

Bom, meus desabafos docentes aqui são freqüentes, mas hoje farei um grande desabafo!

Hoje, após um mês de trabalho, pedi exoneração do Estado. Estou sentindo um misto de felicidade, alívio e decepção.

Nesse um mês, sofri muito com o desrespeito e agressividade dos alunos. Por mais que a gente tente compreender o que os leva a ter esse tipo de comportamento, lidar com essa realidade é muito difícil e desgastante.

Eu ia dar aulas bem desanimada e nesse período, nutri sentimentos que eu confesso não ter experimentado antes (pelo menos não tão intensamente) como ódio, raiva, desprezo, aversão, auto-piedade, incapacidade entre outros.

Comecei a repensar minha vocação e desejo de ser professora e cheguei a cogitar abandonar essa profissão, mas nestes momentos, tive sempre em mente os outros trabalhos que eu já fiz e o quanto eu acreditava neles, o que em motivou a seguir em frente.

Ontem, sai de uma atividade nervosa, tremendo e atordoada em face as atitudes dos alunos. O que é isso? Como chegamos aqui? Sai na rua confusa, perdida, sem saber o que fazer e por fim percebi que esse era o meu limite e que não era para isso que eu estava ali. Pedi para sair.

Penso nos professores que continuam ali e não consigo entender o que os mantém lá, o que os motiva a acordar e ir trabalhar naquele lugar. Seriam heróis? Seriam covardes? Sinceramente, não consigo compreender.

A imagem que me veio a mente hoje foi da minha colação de grau na licenciatura. Lembro de ter jurado trabalhar em prol do ensino público de qualidade e lembro do meu orgulho e felicidade ao jurar isso. Comparo este sentimento altivo com a minha decepção e frustração. Por isso digo que aqui jaz um ideal. O ideal de que com ética, criatividade e dedicação podemos transformar o mundo. Não podemos não, o mundo às vezes devora e avassala a gente e destrói nossos ideais românticos. Acho que isso faz parte da vida adulta e é o que faz os adultos terem tantas saudades da juventude.

Saio dessa experiência mais individualista, menos esperançosa em relação aos rumos de nossa sociedade, mas estranhamente me sinto feliz, confiante e principalmente livre.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Pelo direito de decidir

Quem tem visto os jornais, está "por dentro" das discussões do Supremo sobre o aborto de fetos anencéfalos, que são aqueles fetos que possuem mal formação cerebral e acabam morrendo no útero ou logo após o nascimento.

Acho a própria discussão um retrocesso, afinal, a lei já garante esse direito, o problema é que os tramites legais são tão demorados que em alguns casos a gravidez chega ao fim e a mulher não tem seu direito assegurado.

Eu até evito ouvir essas discussões porque elas sempre vem acompanhadas de abobrinhas religiosas fundamentalistas. Não que eu menospreze as religiões, pelo contrário. O problema é quando esse tipo de pensamento invade a liberdade e direito do outro ou quando oprimi socialmente alguém ou algum grupo.

Eu, pessoalmente, sou contra o aborto. Fui muito bem educada sobre como ocorre uma reprodução, quais são os métodos contraceptivos e tenho acesso a todos eles. Mas, como eu posso decidir sobre o corpo e escolhas de outra mulher que tem outra formação e escolhas. Portanto, apesar de pessoalmente ser contra, sou a favor da descriminalização do aborto, que no nosso país é a segunda causa de morte feminina.

Por ter essa visão, meu rompimento definitivo com a Igreja Católica se deu quando o acessor do atual Papa afirmou que qualquer católico que de alguma forma fosse a favor do aborto deveria se retirar da Igreja.

É claro que esse não foi meu único motivo, mas foi o decisivo. Desde então, me mantenho afastada da Igreja. Digo afastada, porque ao fazer minha primeira eucaristia, reconheci ser essa a minha fé e vislumbro dias melhores.

Hoje, para minha surpresa, ao acompanhar as discussões no Supremo, vi o depoimento de uma senhora católica defendendo o aborto de fetos anencéfalos e lendo um relato de uma mãe que sofreu muito durante uma gravidez sem esperanças. O argumento (muito razoável) é que ela poderia ter seu sofrimento abreviado.
Essa senhora pertencia à um grupo chamado "Católicas pelo Direito de Decidir". Imediatamente entrei na internet e vi que trata-se de um grupo de defesa de direitos das mulheres. Além disso, o grupo entende que a religião tem uma importância sócio-cultural e que isso pode afetar grupos não religiosos e minorias.
Dá para acreditar?
O endereço do site segue abaixo. Eu ainda vou ler com mais calma, mas indico!
http://catolicasonline.org.br/QuemSomos.aspx

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Momento insolito

Bom, eu já contei um fato engraçado que me aconteceu no meu movimento pendular Niterói-Nova Friburgo, mas hoje aconteceu mais um e eu gostaria de dividir.

Estava eu na latitude correspondente a Papucaia, em uma van rumo à Itaboraí. Em um determinado ponto, sobem duas "moças", estilo aquelas que sairam com o Ronaldinho, de shortinho e corpete. Até ai nada demais, não fosse o fato de que dois pontos depois entraram duas pessoas (um casal) vestidos sobriamente e com uma bíblia debaixo do braço. Sentaram todos, lado à lado.

Achei super democrática essa van. Todos nós ali coexistindo pacificamente.

Um detalhe relevante é que tudo isso aconteceu ao som de "Material Girl" da Madonna.

Imaginou a cena?

Bom, para fechar com chave de ouro, vim ouvindo Mamonas Assassinas até Niterói. O motorista se revelou grande fã do grupo.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Sobre como compreender os adolescentes...

Olha, eu até entendo que faz parte da adolescência desafiar autoridades.
Eu já li um livro que segue a linha da psicanálise que comenta sobre essas relações complexas entre alunos e professores, porque na sala de aula, o professor é a autoridade a ser desafiada.
Também já ouvi um colega meu comentar que esse tipo de comportamento está presente em outros grupos de mamíferos, durante a transição para a vida "adulta".
Mas, una esse comportamento à total falta de limites e referências e você terá um adolescente contemporâneo.

Hoje, sai do colégio com a convicção de que eu tinha que ter tido uma matéria na faculdade intitulada "Fundamentos de Psicologia dos Adolescente da Modernidade Líquida".

Como argumentar com indivíduos que crescem sob paradigmas de consumo, satisfação imediata, ídolos instantâneos e vazios (ao melhor estilo "Big Brother")?

Durante a minha aula, pedi inúmeras vezes para um menino parar de falar palavrões e mandar os colegas calarem a boca.
Lá pelas tantas, ele me perguntou se eu era "da igreja".
Quando perguntei o porquê do questionamento, ele me disse que não entendia a lógica de não falar palavrões.

Será que eu estou ficando velha e só eu acho que não é normal falar palavrões sem parar e desrespeitar os outros?

Como chegamos até aqui?

O que fazer?

quinta-feira, 31 de julho de 2008

A verdade está lá fora?

Hoje, ao ler as notícias do dia, me deparei com uma bela imagem que vocês verão logo abaixo. É a imagem de uma nebulosa. O termo nebulosa é usado para definir os estágios finais de estrelas de pouca massa. Como sei isso? Pelo simples fato de achar imagens do espaço muito bonitas, acabo aprendendo um pouquinho sobre o universo. O que tem lá, como é... Minha paixão é tão grande, que até coloquei as minhas imagens preferidas em um álbum do meu perfil do orkut, o qual intitulei: "A verdade está lá fora?". Neste título eu resolvi brincar com o slogan da série "Arquivo X" que afirma que a verdade está lá, eu, particularmente, me permiti o benefício da dúvida.

Mas, o que motivou minha postagem de hoje, foram os comentários dos leitores encontrados abaixo da reportagem sobre a tal nebulosa. Os comentários pareciam uma verdadeira guerra religiosa. De um lado os ateus adoradores da "Ciência" e do outro os crédulos adoradores da "Criação Divina". Todos duelando pelos créditos da beleza da imagem.
Dei um grande suspiro diante de tanta mediocridade. Eu mesma sempre me pergunto porque leio os comentários dos leitores. Sempre tenho essa sensação... vai ver é um tipo de masoquismo!

Mas, mudemos de assunto, contemple você também essa imagem:

domingo, 27 de julho de 2008

Série Ciência e Fé

Essa semana tem mais uma reportagem da coluna Ciência e Fé do G1.
Nessas reportagens, estudiosos explicam suas pesquisas históricas sobre a Bíblia.
Eu já me baseei em 2 dessas reportagens para escrever meus posts aqui do blog.
Na reportagem dessa semana, é discutida a autoria dos evangelhos. Nela, são explicadas possíveis diferenças culturais entre os evangelistas que podem ter influenciado em seus textos.
Vale a pena dar uma conferida!
Evangelhos são obra de autores desconhecidos, dizem pesquisadores - G1 27/07/2008

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Habeas corpus para Jefferson

Em geral, eu costumo comentar aqui no blog coisas que eu li ou vivi.
Hoje vou apenas postar um texto do jornalista Zuenir Ventura, a quem admiro muito, que eu recebi por e-mail de um amigo em resposta ao meu "e-mail-indgnação" que eu coloquei em minha última postagem.
O texto do jornalista demonstra de forma muito inteligente como a justiça nesse país é injusta (tá certo, o trocadilho é muito ruim, pior ainda pq é real).

Boa Leitura!

Habeas corpus para Jefferson


Aproveitando a onda do liberou geral, anuncio que estou em campanha para obter um habeas corpus. Não para mim. A seguir, vocês verão para quem, conhecerão minhas alegações e espero que me apóiem. Se em menos de 48 horas Daniel Dantas ganhou dois. Se Naji Nahas, Celso Pitta e todo o grupo também conseguiram os seus rapidamente.
Se Salvatore Cacciola, velho freguês, vai obter outro mais cedo ou mais tarde, por que Jefferson Hermínio Coelho não merece um, após 20 dias de prisão? Para quem não leu a notícia, ele cometeu um crime com requintes de azar e confusão. Imaginem que com tanta gente para assaltar num domingo de junho na orla de Fortaleza, foi escolher logo quem? Logo o presidente do Supremo Tribunal Federal! Assaltar, não, roubar. Que roubar? Nem isso. Tentou e fracassou. Tão desastrado é que, ao arrancar o cordão de ouro do pescoço do ministro Gilmar Mendes, foi agarrado por dois PMs e dois seguranças que escoltavam o juiz.
Jefferson tem 18 anos e é um amador, aprendiz de assaltante. Pelo fiasco, encontra-se numa cela com mais quatro presos, e ainda não pôde receber qualquer visita. Nem do pai, que está indignado. Queria para o filho o tratamento que a vítima dele, como presidente do STF, concedeu ao dono do Opportunity, mandando libertá-lo duas vezes, apesar das acusações de formação de quadrilha, corrupção ativa, evasão de divisas e gestão fraudulenta de instituição financeira.
A madrasta do rapaz está igualmente revoltada. “Não sei se foi uma aventura ou brincadeira de mau gosto. Mas ele é réu primário e, por lei, tem direito a responder em liberdade”, alega Antônia Raimunda. Mas, também, por que a família não arranja um bom advogado? Por menos de R$ 1 milhão, conseguiria um no Rio ou em São Paulo.
Se o seu caso fosse parar no STF, Jefferson encontraria certamente a boa vontade de vários ministros, inclusive da vítima, que já tinha recebido críticas pela suposta liberalidade com que mandou soltar presos da Operação Navalha na Carne em 2007. A repórter Carolina Brígido revelou numa matéria como a Casa é pródiga na concessão desse instrumento para réus ainda não condenados em última instância. Todos os dias, segundo ela, uma “enxurrada de pedidos” chega lá. Também no ano passado, o ministro Marco Aurélio Mello mandou libertar 20 presos da Operação Hurricane, entre os quais o bicheiro Turcão. Isso sem falar no famoso, controvertido habeas corpus de 2000, graças ao qual Cacciola fugiu para a Itália, onde viveu livre e solto por oito anos, até dar uma chegada a Mônaco com a namorada, achando com certeza que estava no Brasil. Foi preso. O pedido de extradição acabou sendo aceito, e ele voltou declarando: “Estou tranqüilo, confio na Justiça brasileira.” Pena que Jefferson não possa dizer o mesmo.

sábado, 19 de julho de 2008

Antendendo à previsões trágicas

Estava com pouco tempo para escrever no blog, e agora que estou de férias por 2 semanas, tinha pensado em várias coisas sobre as quais eu poderia escrever. Mas, infelizmente, começarei com uma má notícia.
Em maio, escrevi sobre uma tribo indígena que se estabeleceu no bairro de camboinhas, Niterói.

Essa semana, infelizmente soube que as ocas dessa tribo foram incendiadas.
Abaixo segue o e-mail de desabafo que escrevi para alguns amigos e um vídeo com uma reportagem feita pelo Jornal Hoje sobre o assunto.

Lembram dos playboys que colocaram fogo em um índio em Brasília?
Onde eles estão? O que aconteceu com eles?

Pois bem, essa semana, em Niterói, colocaram fogo em ocas de índios que viviam sobre um sambaqui em camboinhas, aqui em Niterói.
Você ouviu falar sobre isso? Provavelmente não. A imprensa pouco divulgou.
Por isso estou mandando esse e-mail! Para que isso seja divulgado!
Abaixo segue um link com uma reportagem sobre o assunto feita pelo globo online. Mas não deixem de ler os comentários altamente preconceituosos dos leitores! Provavelmente eles pensam igual a quem colocou fogo em moradias, um templo e uma escola usados por mais de 30 índios!
http://oglobo.globo.com/rio/mat/2008/07/18/ief_suspeita_que_incendio_em_ocas_de_niteroi_foi_criminoso-547311908.asp
Esse é o país em que vivemos!
É foda!


domingo, 13 de julho de 2008

Visões sobre o feminino - Parte 2

Bom, há muito tempo há trás, eu escrevi um post intitulado "Visões sobre o feminino - parte 1".
Na época, eu estava muito impactada pela leitura de um livro chamado "O Martelo das Feiticeiras" que foi escrito em 1484 por dois inquisidores.
Na verdade, o impacto foi causado pela leitura da introdução histórica feita pela escritora Rose Marie Murano. Nessa introdução, ela narra de forma breve e clara, o papel social da mulher desde a emergência dos grupos culturais humanos, até os dias de hoje. Eu pretendia então dar continuidade aos meus estudos sobre o assunto e escrever mais aqui sobre isso, coisa que acabou não ocorrendo.

O que teria então me estimulado a retomar essa temática?
Bem, a minha postagem de hoje foi inspirada em uma reportagem que eu li sobre Maria de Madalena.

A figura de Maria de Madalena ganhou grande projeção atual e polêmica com o livro e o filme "Código da Vinci", pois a história sugere um possível envolvimento amoroso entre ela e Jesus. Essa idéia já foi cogitada muito antes do autor Dan Brown lançar esse romance, mas não é sobre ela que eu pretendo falar.

Há um ano, mais ou menos, assisti a um documentário da BBC pertencente a uma série chamada "Mistérios da Bíblia". Fiquei surpresa com a afirmação de que não há nenhuma referência nos textos sagrados de que Madalena teria sido uma prostituta, pois essa é uma idéia muito difundida. De fato, procurando mais tarde, pude perceber que não há essa referência nos evangelhos.

O documentário e a reportagem que eu comentei acima, destacam, a partir de estudos históricos, que muito provavelmente, Madalena foi na verdade uma discipula de Cristo, sendo a primeira a testemunhar sua ressurreição.

Segundo a reportagem: De fato, ao contrário de todos os líderes religiosos judeus antes e depois dele (antes da época moderna, claro), Cristo não via problema algum em ter seguidores dos dois sexos. "Duas das qualidades extraordinárias de Jesus são o fato de que ele recrutava seguidores e era itinerante. Mas o que é ainda mais incomum é o fato de ele recrutar seguidores do sexo feminino e masculino e viajar com ambos", escreve Ben Witherington III, especialista em Novo Testamento do Seminário Teológico Asbury (Estados Unidos).

Ambos os fatos seriam considerados escandalosos para os judeus do século I, para quem as mulheres deveriam ficar em casa com seus maridos e, quando viajassem, teriam de ser acompanhadas por parentes do sexo masculino. Segundo o padre John P. Meier, professor da Universidade de Notre Dame em Indiana (EUA) e autor dos livros da série "Um Judeu Marginal", sobre a figura histórica de Jesus, o escândalo é um ótimo motivo para acreditar que esse grupo de seguidoras, incluindo Maria Madalena, realmente existiu.


O documentário questiona a quem serviria essa deturpação da imagem de Madalena.

O que você acha?

Fim do post.

sábado, 5 de julho de 2008

Tom Zé! Tom Zé!

2 postagens em uma semana!
Viva às minhas insônias!

Bom, hoje, para a minha felicidade, vi uma entrevista com o Tom Zé!
Sempre é muito bom ouvi-lo.

Dai lembrei de um clipe dele que eu vi no AnimaMundi!
Como Tom Zé e o AnimaMundi foram duas coisas que eu descobri por acaso e gosto muito, resolvi postar o clipe aqui.

Falando no AnimaMundi, ele começa semana que vem. Mal posso esperar. Para quem nunca foi, eu recomendo!



O Amor é um Rock
Tom Zé

Composição: Tom Zé

- Jasão chora os filhos mortos: Se você tá procurando amor
Deixe a gratidão de lado:
O que que amor tem que ver
Com gratidão, menino,
Que bobagem é essa?


- Dr. Burgone:
O amor é egoísta,

- Coro de Medéia:
Sim – sim – sim, Tem que ser assim.

- Dr. Burgone:
O amor, ele só cuida

- Coro de Medéia:
Si – si – si
Só cuida de si.

- Dr. Burgone:
Então quer dizer que o amor é mesmo sem caráter?

- Coro de Medéia:
Sim – sim – sim – sim
Tem que ser assim,

- Dr. Burgone:
E sem caráter, de quem é que ele cuida?

- Coro de Medéia:
Si – si – si
Só cuida de si.

- Medéia, Ariadne e Electra:
Sem alma, cruel, cretino,
Descarado, filho da mãe,
O amor é um rock
E a personalidade dele é um pagode.

- Canto de Ofélia:
Meu primeiro amor
Tão cedo acabou
Só a dor deixou
Neste peito meu.

Meu primeiro amor
Foi como uma flor
Que desabrochou
E logo morreu.
Nesta solidão,
Sem ter alegria
O que me alivia
São meus tristes ais.

São prantos de dor
Que dos olhos saem
Pois que eu bem sei
Quem eu tanto amei
Não verei jamais.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Observando a diversidade

Dou aula em um colégio que tem alunos com realidades muito diversas. Lá há alunos muito pobres, que vivem com situações muito precárias, alunos classe média de todos os tipos e alunos com muito dinheiro.
O que diferencia as pessoas, é claro, não é o dinheiro, mas é também claro que, pessoas com realidades sócio-econômicas tão distintas, tendem a ser muito diferentes.

Você pode se perguntar, como essas pessoas convivem em um mesmo colégio e eu te respondo, esse colégio é um colégio público de qualidade, que atualmente conta com um acesso democrático, ou seja, a entrada de alunos é por sorteio, então, lá encontramos indivíduos muito diversos.

Essa diversidade, certamente tem um impacto muito grande no meu trabalho, mas não chega a ser um problema, e sim um desafio: o desafio de enxegar as particularidades e entender como elas afetam (ou deveriam afetar) meu planejamento e ações.

Quando eu comecei a dar aulas em um colégio particular, a princípio, achei que os alunos tinham realidades mais parecidas entre si, mas com o tempo, convivendo mais e, digamos, enxergando melhor, vi que as diferenças existem, porém são menos evidentes.

Essas diferenças não poderiam deixar de existir, pois, se pensarmos bem, entre outras coisas, não existe mais um padrão familiar. Há famílias, com pais (juntos ou separados), padrastos, madrastas, namorados, com ou sem irmãos, enteados, etc, e essa diversidade certamente se reflete na formação das crianças e dos adolescentes.

Acho que não devemos nos prender em estereótipos do tipo: se o aluno é pobre tem problemas, se o aluno é rico, não tem do que reclamar.

O ser humano é muito mais complexo do que isso, e essa percepção da complexidade é fundamental para o trabalho docente.

domingo, 29 de junho de 2008

De volta!

Bom, após uma pausa alienante, estou voltando as considerações críticas que se passam nessa cabeça aqui.

Recebi um vídeo pela internet excelente que discute os ciclos de produção, consumo e descarte e como o padrão de vida altamente ligado ao consumo foram estabelecidos nos EUA. O vídeo se chama "A História das Coisas" ou "The Story of Stuff".
Será que somos como os norte-americanos? Certamente que ainda não, mas como tendemos a reproduzir os padrões deles, temos que tentar nos libertar desse paradigma do consumo.

Mas, se essa "libertação" é muito difícil, mesmo para quem tem uma visão crítica sobre o assunto, imagina para que nunca parou para pensar nos prejuízos causados pelo excesso de consumo!
O prazer de comprar atualmente é muito ligado a satisfação imediata e somos seduzidos e ludibriados a todo tempo por comerciais que nos mostram o quanto seríamos melhores e mais felizes se comprássemos mais coisas.

Nem vou escrever muito sobre isso, pois acho que o vídeo é muito bom e explica essas coisas muito melhor do que eu.

Acho fundamental esse questionamento sócio-histórico que a autora faz para entendermos como chegamos até esse paradigma do consumo exacerbado, e para que possamos tentar saltar rumo a um outro, independente do quanto isso seja utópico. Como o vídeo diz: o sistema baseado no consumo insustentável foi "criado por pessoas e como nós também somos pessoas, podemos criar algo novo".



Além desse vídeo, hoje assisti ao filme "Saneamento Básico". Ele é muito bom e divertido (como tudo feito pela Casa de Cinema de Porto Alegre e pelo Jorge Furtado que eu vi até hoje). Recomendo fortemente!
Dá para ler a sinopse do filme no wikipédia, mas resumindo, a história fala sobre uma pequena cidade no sul, que possui problemas provocados pela falta de saneamento básico, mas o município só dispõem de uma verba para a produção de filmes. Os moradores decidem utilizar a verba para o filme na construção de uma fossa, mas para isso, precisam produzir um filme para justificar o uso do dinheiro em questão.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Um pouquinho de alienação!


Bom, não tenho escrito, não pela falta de tempo em si, mas pela falta de capacidade de elaborar frases, provocada pelo excesso de trabalho.

Em meio a tantos conflitos existenciais, resolvi fazer um programinha "alternativo": fui ver "Sex-and-the-city" com um grupo de amigas e depois nos enchemos de comidas cheias de açúcar no outback! Obviamente, falamos muita besteira e rimos muito!

Viva ao Imperialismo! hehe

Depois disso recarreguei minhas baterias!
E percebi que não dá p/ levar tudo tão a sério sempre!

FUI!
Até o próximo!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Vamos fugir???

Oi Povo!

Estava meia sem tempo de escrever aqui, mas, graças a uma faringite, estou há dois dias de molho em casa.

Você acredita em um fundo psicossomático para doenças?

Então imagine uma professora insatisfeita que é acometida por uma doença que a impede de falar e voi là: temos euzinha aqui!

Assumi um emprego em um colégio público há umas 3 semanas. Até agora não vi nada de bom lá, e desabafando, sem muita censura (mas talvez com um pouco de eufemismo) posso dizer que o salário é muito ruim, os alunos muito mal educados, os professores desmotivados, isso sem falar na falta de infra-estrutura e um clima constante de histeria coletiva.

Ontem, enquanto eu estava de molho em casa, com febre e sem voz, vi uma reportagem no "Jornal Hoje" sobre uma doença chamada "Síndrome de Burnout", que em geral acomete professores. Fiquei impressionada em como eu me identifiquei com essa reportagem, quer dizer, eu que já dou aula há uns 5 anos, estou me sentindo assim por causa de 3 semanas de trabalho em um colégio onde não consigo enxergar nada de bom. Onde a crença na minha profissão está se esvaindo.

Uma coisa é você ouvir falar sobre a dura realidade das escolas públicas desse país, outra coisa é vivê-la. Achei que o que eu tinha vivido trabalhando em um pré-vestibular social e em um bom colégio público se aproximava disso. Hoje vejo que nem chegava perto.

Não tenho nenhuma conclusão, só deixo o desabafo e o vídeo (no link abaixo)para que vocês entendam um pouco como me sinto, acrescentando apenas minha enorme vontade de "jogar a toalha".

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM842594-7823-PROFESSORES+SOFREM+COM+SINDROME+DE+BURNOUT,00.html

terça-feira, 10 de junho de 2008

E viva a diversidade Humana! Aha, uhu

Como estou totalmente sem tempo de escreve aqui, vou contar uma situação pitoresca que vivenciei essa semana.

Dia desses, eu estava querendo ler um livro mais, digamos, divertido e relaxante.
Ao abrir minha estante, percebi que não havia tal artefato e acabei pegando um livro do Nietzsche que na verdade pertence ao meu pai. Por mais que pareça estranho (coisa de nerd mesmo), eu tenho me divertido lendo esse livro, pq o Nietzsche é bem debochado (pelo menos me parece) e ele debocha de coisas que são super valorizadas pela cultura clássica.

Há mais ou menos um ano atrás (17/06/07) eu escrevi um post sobre um livro que eu havia dado de presente chamado "Nietzsche e a Educação", post no qual, entre outras, coisas eu comentava que nunca tinha lido nada sobre esse filósofo.

Mas, o fato pitoresco em si, é que nessa semana, em uma das minhas idas à Friburgo para ar aulas, saquei o livro e comecei a ler. Logo após ter pego o livro, percebi que a senhora sentada ao meu lado no ônibus havia feito o mesmo. Após algum tempo, parei de ler e fiquei pensativa olhando a paisagem, mas não contive a curiosidade e dei uma olhada no livro em que a tal senhora estava lendo. Ela lia o "livro mais lido do mundo", ou seja a Bíblia.

Comecei a rir, pois o último parágrafo do meu livro criticava justamente as crenças judáico-cristãs e bem ao meu lado uma pessoa lia a bíblia.

Comecei a me sentir muito estranha naquele ambiente, muito estranha entre aquelas pessoas, muito distante daquela realidade. Não porque eu achava que tudo o que o Nietzsche dizia fazia sentido e que as religiões fossem um mal a ser combatido, mas porque fiquei pensando que a maioria das pessoas ali sequer se permitiriam questionar isso (ou seja, dar o benefício da dúvida às suas crenças).

Será que o conhecimento isola as pessoas em ilhas?

Só de curiosidade, o livro que eu estava lendo era "O Crepúsculo dos Ídolos" e o que a senhora estava lendo era o livro de Amós, que é um dos últimos textos do Antigo Testamento que eu nem conhecia, mas andei dando uma olha e vi que fala bastante do julgamento daqueles que não seguirem as palavras de Javé.

Viva a diversidade humana!!!

ziriguidum, ziriguidum...

PS: Pessoas, comentem. As visitas a esse espaço tem rolado, mas fico sem o famoso "feedback"!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Le travail, les amis

Trabalhar parece ser o ponto alto da vida adulta!
Acho que se para ser criança tem que brincar (ainda existe criança?), adolescente tem que ficar e por fim, para ser adulto de verdade tem que se trabalhar.
É que quando corremos atrás de nossa independência total, um requisito básico é ser capaz de se auto-sustentar e ai vem o dinheiro e o trabalho...

Trabalhar é comumente visto em nossa sociedade como um sacrifício. Somos criados sobre o mito de que fomos expulsos do paraíso e que teremos que nos virar com sofrimento para sobreviver sem a "vida boa" do paraíso.

Acho que já falei aqui que tenho uma lista de discussão com alguns amigos do tempo de faculdade. Essa lista é praticamente uma entidade, pq tem gente ali que eu nem se quer convivi muito na época da minha graduação, mas com quem eu troco mais idéias do que com meus vizinhos. Acho que tem alguns que eu não vejo há anos. Tem os que participam muito e os que só leem "silenciosamente"(ou talvez só deletem os e-mails).

Essa semana, a discussão foi inflamada! Discutimos sobre o caráter propedêutico da Universidade. Uns acham que a universidade falhou em não nos apontar caminhos para o mundo do trabalho e outros acham que a universidade foi muito boa e ensinou o que lhe cabia ensinar.

Não vou tecer as minhas opiniões sobre essa discussão nesse post, posso até fazer isso em mensagens futuras.

Apenas acho que o que ficou claro para mim é que minha geração está vivendo o momento de sofrer a expulsão do paraíso.

Ouço muitos reclamarem do sofrimento provocado pela solidão da vida adulta. Eu ainda não senti isso, mas vejo essa ser uma reclamação constante.

Uma vez em uma livraria vi um livro intitulado a crise dos 25 anos. Nessa época eu tinha uns 20 e pouquinhos e achava que esse tipo de crise vinha só depois dos 40 quando as pessoas supostamente virariam pessoas bem sucedidas profissionalmente mas infelizes na vida pessoal. Tempos modernos... (ou pós-modernos) agora a crise já vem aos 25. Crise de um adulto que não consegue ser adulto de um ponto de vista pré-concebido e que sofre em crescer e muitas vezes reluta ao máximo para não passar por essa perda necessária.

Nos animemos, afinal, o preço do paraíso foi o fruto da árvore do conhecimento. Transgredir, mudar, pensar é então em sua origem, ser humano.

domingo, 1 de junho de 2008

Sobre o caso de amor entre a Mulher e o Livro

Bem, estive meio ausente daqui pois fui chamada em um concurso para professora de Ciências e estava às voltas com a posse, escolha de colégio, etc.

No final de semana passado, embora a minha resistência a comprar livros novos, uma vez que tenho alguns em minha prateleira que eu nunca li (e sempre digo que só comprarei um novo se ler os que eu tenho) fui "seduzida" por um livro, se é que você me entende.

Eu entrei na livraria com uma amiga. Estava decidida a não comprar nada, mas uma amiga me indicou um autor. Ela disse, "Bel, acho que você vai gostar desse cara aqui..."

Dito e feito. O cara, é o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Depois eu vim a saber que ele é muito conhecido, mas eu fui "apresentada" a ele ali e foi "amor a primeira vista".

Ele é um teórico sobre a pós-modernidade. Um tema que eu falo com recorrência, apesar de ainda estar tentando entender. rs.

De acordo com o site wikipédia O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dos principais popularizadores do termo Pós-Modernidade no sentido de forma póstuma da modernidade, atualmente prefere usar a expressão "modernidade líquida" - uma realidade ambígua, multiforme, na qual, como na clássica expressão marxiana, tudo o que é sólido se desmancha no ar.

O livro que eu comprei chama-se "Medo Líquido". Infelizmente não estou tendo o tempo necessário para "degustá-lo", mas assim que isso for possível, eu comento sobre ele por aqui.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Nos deram espelhos e vimos um mundo doente

Ontem, como programa de feriadão de Corpus Christi, fui visitar a mais nova aldeia indígena de Niterói.
Isso porque como eu sou assim, meio "nerd", não podia simplesmente ir a praia no feriado, hehe.
Mas, voltando ao assunto que interessa, eu disse "mais nova aldeia", pois essa aldeia surgiu esse ano, formada a partir de índios que vieram da cidade de Parati e se instalaram sobre um Sambaqui no bairro de Camboinhas, que é um bairro de classe média alta. Dá para imaginar que a associação de moradores de lá está "adorando". Segundo reportagem, a associação encaminhou ofício ao ministério público questionando a propriedade da terra e alegando que os indígenas estão destruindo área de restinga, de preservação ambiental.

Quando li a reportagem, achei engraçado os moradores VIPs questionarem a propriedade das terras. Até onde a minha cultura tupi e niteroiense permite, que eu saiba, Camboinhas era um nome indígena dado a uma frutinha abundante na região. Rezam algumas lendas que misturada com cachaça fica uma delícia, mas eu particularmente nunca vi essa fruta.



Para quem não conhece a história, Niterói (ou águas escondidas) foi a única cidade brasileira fundada por um índio, o famoso Araribóia, que em tupi-guarani quer dizer "serpente da tempestade" ou "cobra-feroz". Ele foi cacique da tribo dos Temiminós, do grupo indígena Tupi, em meados do século XVI. O seu domínio era a ilha de Paranapuã (hoje ilha do Governador). Arariabóia lutou ao lado de Mem de Sá pela expulsão dos franceses das águas da Guanabara e em troca recebeu de presente as terras que ficavam do outro lado da baia (ou da poça).

Então, como assim os índios não tem direito de viver aqui?

Todas essas questões serviram de estímulo para a minha visita de ontem. A princípio, devido a esse conflito entre índios e a associação de moradores, fui meio reticente. Até tinha pensado em levar uma máquina fotográfica, mas achei melhor não fazê-lo. Qual foi minha surpresa ao ver a aldeia lotada de "turistas" tratando os índios como se fossem uma atração de parque. De repente ouço a seguinte frase de 2 meninas visitantes sobre uma criança indígena: "Ai que fofinho, ele tá peladinho". Comecei a achar tudo aquilo surreal e sinceramente não tenho uma opinião formada sobre os rumos daquela ocupação. É certo que os índio tem todo direito, não só pela história do município, mas porque eles estão ocupando uma área de sambaqui, o que por lei é considerado como terras indígenas.

Não é preciso se preocupar com a hipócrita preocupação de destruição da restinga levantada pela associação de moradores, eles já fizeram isso muito antes que os índios. Sabe aqueles condomínios da barra que desmatam a área de restinga e colocam grama e uma bromélia perdida para dizer que preservam a vegetação de restinga? Então, lá é a mesma coisa.
No local onde estão as ocas, havia apenas capim e só perto da lagoa, em área não ocupada pelos índios, há vegetação típica de restinga. Do lado das ocas tinha uma estufa com mudas mas eu não consegui entender se isso pertencia aos índios ou a algum outro projeto.

Só para finalizar, o título do "post" foi tirado da música "Ìndios" do Legião Urbana. Foi até meio irônico ter ido lá no feriado de Corpus Christie que é um feriado da Igreja Católica que celebra a presença de Cristo na Eucaristia. Neste dia, todo católico é obrigado a ir a missa, e eu fui visitar uma tribo que até hoje sofre com as consequencias da dominação e catequização.
Araribóia não fugiu a regra e para virar um homem importante, foi batizado sobre a alcunha de Martim Afonso em homenagem ao nobre português Martim Afonso de Souza. Martim vem do latim e quer dizer guerreiro e Afonso, do grego, nobre, diligente, atencioso.

As reportagem sobre a ocupação dos índios está em
http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL456844-5606,00-ALDEIA+EM+PRAIA+DE+NITEROI+OPOE+INDIOS+A+DONOS+DE+CASAS+DE+LUXO.html

sábado, 17 de maio de 2008

Outra opinião

No último "post" comentei como casos explorados pela mídia tiveram impacto nas minhas últimas aulas. Um desses casos foi o envolvimento do jogador Ronaldo com travestis. Hoje assisti a um vídeo no YouTube com um comentário do cantor Caetano Veloso sobre o tema. Como eu concordei bastante com o que ele disse, e acho que o que ele fala no final é o que realmente deveria ter sido valorizado nesse caso.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Vamos falar sobre ...?

Lembra-se que na descrição do blog eu disse que se tudo desse errado eu ia apelar??? Calma, eu não vou apelar, ainda não, é que uma coisa me chamou atenção nas aulas dessa semana: o interesse dos meus alunos por sexo.
Os alunos em questão tem em média 12 anos, ai você pode pensar, nada mais natural do que eles pensarem bastante sobre isso, não é mesmo? Afinal os hormônios sexuais deles estão atingindo níveis nunca antes alcançados. Mas a questão é que as perguntas dele não são triviais, eles tem perguntado sobre questões relacionadas a zoofilia, pedofilia, incesto, abuso e por ai vai.
Isso realmente me surpreendeu, afinal, eles aparentemente não passam por situações semelhantes e nessa faixa-etária é comum o interesse por coisas mais triviais como masturbação, menstruação, etc.
Comecei então a investigar e foi ai que o tão falado "papel da mídia" se fez presente. É comum responsabilizarmos a mídia por questões preponderantes em nossa sociedade como se ela fosse uma espécie de entidade que nos manipula. Entretanto, os defensores da mídia, dizem que ela é simplesmente um reflexo da nossa sociedade.
Não vou me ater aqui, neste "post" a discutir sobre isso e sim dar exemplo de notícias que são digamos "jogadas" pela grande mídia em qualquer horário e que, pelo que pude perceber, fizeram com que emergisse em meus alunos questões relacionadas a sexualidade.
O primeiro caso foi o do jogador Ronaldo, que se envolveu com travestis. Parece-nos já banal zombar da atitude do jogador, mas dessa situação surgem questões relacionadas ao gênero e a orientação sexual.
O segundo caso é do austríaco que manteve uma filha presa, sofrendo incesto e abusos constantes.
Outro caso bem comum são os espaços destinados a pedofilia na internet.
Hoje, não basta a um professor discutir apenas questões relacionadas a reprodução e a sexualidade considerada dentro de uma normalidade (normalidade no sentido de maioria e não de correto). Os adolescentes são "bombardeados" por casos como os citados acima, em um momento em que ainda estão começando a entender sobre sua própria sexualidade.
Na dúvida de como abordar certos temas, pelo menos em relação aos abusos, tentei deixar claro para eles que qualquer imposição é uma forma de abuso e que nenhum menor é responsável por uma atitude indevida de um adulto. Além disso, tentei mostrar as formas de denuncia, explicando inclusive o dever de todo responsável (o que inclui professores) de denunciar esses casos ao conselho tutelar.

Ah! Para quem é professor ou apenas se interessou pelo tema educação sexual, recomendo fortemente assistir ao filme "Kinsey, vamos falar sobre sexo?" disponível em locadora. Kinsey foi um biólogo que se propôs a estudar a sexualidade humana, publicando um famoso livro intitulado "Relatório Kinsey". O mais interessante que o que motivou os estudos de Kinsey sobre o tema foi a própria repressão sexual que ele sofreu em sua criação, o que acabou tendo conseqüências em seu casamento. Até então, ele estudava diversidade de vespas.
Aos mais reprimidos, aviso logo que o filme tem cenas de sexo, então não convide seus avós (ou qualquer outro parente) para assisti-lo com você em um domingo a tarde, a não ser que seus avós e você sejam pessoas bem liberais.

domingo, 4 de maio de 2008

Humanizando a natureza

Um dos principais problemas que enfrento com meus alunos é o fato de que eles humanizam demais a natureza. As pessoas em geral fazem isso, e nesse processo, vêem intencionalidade e moralidade na ação de animais e utilidade nos demais seres.

Para citar um exemplo, em uma prova, vários alunos meus disseram que o mosquito da dengue não tem "culpa" de nos picar. Agora imagine, um mosquito lá tem culpa, ou qualquer outro sentimento humano?

Já as plantas, que em geral nem é visto como ser vivo, existem para limpar o ar e produzir o oxigênio para nós respirarmos. Entretanto, se olharmos do ponto de vista evolutivo, a fotossíntese surgiu muito antes de qualquer animal, então como ela pode existir para servir a estes animais?

Podemos perceber claramente esse processo de humanização em animações como as da Disney. Os animais tem atitudes humanas e até características físicas humanas (são bípedes, tem visão binocular). Sempre penso no exemplo do nemo. Na natureza, um peixe com uma nadadeira deformada seria facilmente devorado, mas no caso do filme, todos os seres do mar se preocupam com ele.

Essa visão sobre natureza poderia ser interessante do ponto de vista conservacionista. As campanhas de preservação de animais bonitos e "fofos" como baleias, golfinhos, são mais bem sucedidas. Li uma reportagem no G1 sobre isso: as pessoas tendem a gostar de animais aos quais associam características valorizadas em seres humanos (como beleza, força, coragem, justiça) e a rejeitar alguns animais pelo mesmo motivo. Assim, lutando pela conservação de uma espécie "querida", preservamos o ambiente onde ela vive e as outras espécies presentes neste ambiente. Um aluno meu da graduação deu o exemplo da onça, pois para cada onça sobreviva é preciso preservar 50 km2. É claro que também é importante desmistificar essa idéia de que alguns animais são bons e merecedores de atenção e outros são desprezíveis e nesse processo é preciso combater essa visão humanizadora sobre os demais seres vivos.

O engraçado é que ao mesmo tempo que as pessoas humanizam a natureza, elas vêem os seres humanos como seres a parte dela. Costumo fazer uma associação desse pensamento com o mito da criação. Nele, a natureza foi feita para servir ao homem, mas ele foi expulso do paraíso, enfrentando toda sorte de situações inóspitas. Assim, a natureza ora pode representar um paraíso para onde queremos voltar, algo a nos servir, ora pode representar coisas ruins a serem dominadas. De qualquer forma o homem pode dispor da natureza.

As visões sobre o utilitarismo da natureza tem caído por terra desde o último século, mas muitas vezes elas permanecem lá no nosso inconsciente.

Reportagem: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL451681-5603,00-ENTENDA+A+BIOINTOLERANCIA+BIZARRA+MANIA+DE+ACHAR+QUE+ALGUNS+BICHOS+SAO+VILO.html

sábado, 3 de maio de 2008

Indignação (só mais uma)

Já que a última postagem foi de desabafo, esta vai ser de indignação.

No começo da semana, assisti a uma reportagem que dizia que "um homem suspeito de chefiar o tráfico de drogas no morro do Cantagalo, na zona sul do Rio de Janeiro, foi preso com um crachá de vigia da Construtora OAS, responsável pelas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)."

Recentemente fui convocada para um concurso para o magistério. Entre os documentos exigidos, constava um atestado de antecedentes criminais. Para ter esse atestado, fui a um cartório e gastei 23 reais para obter o tal atestado.

Ou seja, eu, uma pessoa idônea, tive que pagar para provar minha idoneidade e exercer meu trabalho de professora, enquanto um fora da lei é contratado como segurança de uma empresa que recebe verba públicas.

Mais uma das muitas maluquices que aturamos nesse país da impunidade!!!

"O Brasil é o país do futuro..." Cadê esse futuro?

quarta-feira, 16 de abril de 2008

De volta as questões da professora

Olá meus caros,
Vou interromper os posts sobre as visões sobre o feminino para um breve desabafo docente. Em breve eu continuo...

Fim de bimestre é quando ser professor se torna mais intenso em nossas vidas!
Isso certamente é decorrente das famosas provas bimestrais.
Ontem falei (às 23h) com um amigo que prepara 3 provas e hj falei com uma amiga que ia passar o feriado corrigindo-as. Eu mesma nesse momento estou em casa, corrigindo as provas dos meus aluno. Pretendo passar o dia inteiro (até a noite) fazendo isso, mas em um período de tédio, resolvi passar aqui e escrever.

Como diz o Philippe Perrenoud: "a avaliação pode assumir cerca de um terço (ou até a metade) do tempo gasto por um professor, tanto em sala de aula, quanto na preparação. A elaboração das provas e sua correção representa um fardo bem conhecido no trabalho solitário dos professores."
"As práticas correntes de avaliação tomam um tempo considerável e absorvem muita energia e engenhosidade, tanto dos professores quanto dos alunos. Mesmo que o professor não crie sozinho seus instrumentos de avaliação a cada ano, não cessa de remanejá-los e de hesitar em diversas soluções: partir de uma prova antiga ou de uma prova administrada por um colega, partir do zero e preparar uma prova totalmente nova, combinar dois métodos; deve-se ajustar as provas antigas a que se ensinou realmente, renunciar a certas questões que não convém mais, introduzir novos temas, reformular certas instruções."

Realmente eu percebo que é exatamente assim que eu procedo, e vejo meus amigos fazendo o mesmo.

Perrenoud continua:
"O investimento , por parte dos alunos, é diferente, mas não menor. Em torno da avaliação se estabelecem competições, estresse, sentimentos de injustiça, temores em relação aos pais, ao futuro, à auto-imagem. A avaliação implica as famílias e mobiliza também suas esperanças e suas angústias, que pesam direta e indiretamente sobre os alunos e professores."

Tento sempre ter em mente essas idéias e toda vez que passa pela minha cabeça a idéia de fazer uma prova digamos punitiva (do tipo, fazer uma prova muito difícil para "ferrar" com uma turma barulhenta) relembro desse texto e de cada indivíduo que é afetado com esse tipo de atitude vingativa de determinados professores. Além disso, como dizem os behavioristas, punir não é nada aconselhável em um processo de aprendizagem (isso eu tenho que concordar, apesar de discordar de muitas coisas do behaviorismo).

No fim, sempre resta a dúvida: o que fazer? Deixar de aplicar provas?
Não acredito muito nessa idéia, afinal, a prova é um momento que o aluno tem para organizar suas idéias de forma individual, só ele e seus pensamentos.
Na outra mão, o professor pode avaliar essa produção individual, a expressão escrita desse aluno e trabalhar essas questões, afinal aprender a se expressar é mais importante do que aprender qualquer conteúdo específico.

Como fazer então para que as provas não sejam tão massacrantes e enfadonhas na vida do professor e do aluno?
Isso é um grande busca minha como professora... estou aberta a sugestões :)

Bom, agora volto para a minha correção, hehe;

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Philippe Perrenoud - Avaliação - Da Excelência à Regulação das Aprendizagens - Entre Duas Lógicas - Editora Artmed (a parte que eu cito está no capítulo 4 - Os procedimentos habituais de avaliação, obstáculos à mudança das práticas pedagógicas)

segunda-feira, 7 de abril de 2008

As visões sobre o feminino - parte 1

Na primeira postagem do ano eu comentei que ando falando demais sobre coisas relacionadas a prática docente, para variar, essa semana vou falar sobre outras coisas que afligem meus neurônios (ou os macaquinhos da cabeça).

Semana passada eu fui cortar o cabelo.
Papo de salão geralmente é aquela tristeza, revista caras, cabelo, unha, etc, mas no meio da conversa, uma das assistentes que trabalha lá soltou uma afirmação no mínimo corajosa: "eu não leio a bíblia pq não entendo nada do que está escrito nela."
Eu, com o meu pouco conhecimento, adquirido pela minha curiosidade teológica, expliquei que a Bíblia não é um livro, e sim vários livros reunidos, e que para entendê-los seria bom que ela tentasse entender que o foi registrado estava dentro do período histórico, que seria interessante ela entender a própria história da bíblia, para entender o que está escrito.
Para exemplificar eu citei o caso dos dois livros do Gênesis. Pouca gente sabe ou percebe, mas a bíblia tem duas versões sobre a criação do mundo, uma bem distinta da outra, e é importante ter isso em mente para compreender o que está sendo dito.
Para a minha surpresa, descobri a noite, no site do G1, uma série de reportagens sobre a história da bíblia, que começariam exatamente discutindo a história do livro do Gênesis.
Essa reportagem é muito interessante e discute algumas coisas da qual eu não sabia.

Segundo a reportagem, no primeiro relato sobre a criação, o homem e a mulher são criados ao mesmo tempo, e a divindade usa apenas palavras para fazer isso. Já o segundo relato inverte a ordem de alguns elementos e, na verdade, enfoca apenas a criação dos seres humanos (trata-se da famosa história do homem feito de barro e da mulher modelada a partir de sua costela).

A análise moderna do texto hebraico revela outras surpresas em relação a Adão, o suposto ancestral isolado de todos os seres humanos. "Para começar, Adão não é um nome próprio", diz Hayes. A primeira narrativa diz que Deus criou o 'adam -- com artigo definido, como se fosse uma categoria de seres, e não um indivíduo. "Já se traduziu 'adam como o terroso [ou seja, o feito de terra]", conta Osvaldo Ribeiro. De quebra, no primeiro relato diz-se explicitamente que o 'adam, homem e mulher juntos, são criados ao mesmo tempo e ambos seriam "imagem e semelhança" de Deus.

"É que, no mundo antigo, não se concebe um deus sozinho. Todo deus tem sua fêmea -- não dá para imaginar um deus celibatário", explica Rafael Rodrigues da Silva, professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP.

Ainda segundo a reportagem, os relatos da criação tem muito a ver com os ícones pagãos, para que as pessoas da época se identificassem com as histórias contadas, afinal a religião hebraica trazia um novo paradigma, o do Deus único (o monoteísmo).

Ora, fiquei pensando, apesar de estar lá, em um dos relatos do livro do Gênesis, nunca essa questão de que o primeiro ser poderia ser visto como possuidor de ambos os sexos foi levantada (pelo menos não pelo senso comum judáico-cristão). É sempre ressaltada a visão de que o homem veio primeiro e que a mulher, vinda dele, tenta este homem e condena os dois a viverem fora do paraíso. Acho que essas pesquisas lingüística e históricas sobre a bíblia ajudam a entender melhor o papel social da mulher e como esta foi sendo oprimida e o feminino foi sendo desprezado e vulgarizado ao longo da história da nossa civilização.

Essa discussão continua em postagens futuras porque essa já está muito comprida!

Ah, o site com a reportagem do G1 é: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL388514-5603,00-BIBLIA+ABRIGA+DUAS+VERSOES+CONTRADITORIAS+DA+CRIACAO+DO+MUNDO.html

quinta-feira, 3 de abril de 2008

De volta a ativa

Bem, com a correria do ano passado e com as férias que logo se seguiram, meu blog ficou abandonado no cyber espaço. Mas, a pedido de algumas pessoas, vou reativá-lo a partir de agora.
Só para variar, tirei o "pretinho básico" e coloquei um verdinho para ficar menos depressivo.
Coloquei uns links novos também.
A idéia inicial era fazer um blog para desenvolver algumas idéias malucas que eu cultivo, como por exemplo: "você sente seu cérebro funcionando quando pensa em coisas diferentes?", mas essa discussão pode ficar para outro dia.
A idéia de criar o blog surgiu também do fato de ser muito difícil achar pessoas para conversar sobre esses meus pensamentos. Tenho alguns amigos que são bons nisso, mas as vezes é difícil estar junto para conversar, e como sou meu avessa a telefones, a idéia era que houvesse um desdobramento desses pensamentos "isabelescos" aqui no blog mesmo.
Esses pensamentos talvez não sejam originais, nem mesmo tão interessantes assim, mas fato é que eles me ocorrem, e lidar com eles tem sido a principal tarefa (prazerosa, é verdade) da minha vida.
Tanto é que descobri uma forma de ganhar dinheiro para aprender e ficar pensando. Primeiro achei que a pesquisa científica era o caminho, mas ai, em 2007, percebi que sendo professora, teria mais liberdade para fazer isso, afinal, ao invés de pensar sobre a placa 1a dos dinoflagelados (isso é só um exemplo dramático), agora posso pensar sobre gente, sobre biologia e acima de tudo sobre relações.
Além de pensar, tenho um monte de gente com quem falar todos os dias. Como diz a frase escrita em uma caixinha que ganhei no final do ano passado: "Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece e se estima." (P. Freire). Então, que lugar melhor para se estar do que uma escola? (ou algumas, por conta de demandas da profissão docente 8/).
E foi assim, nesse processo de virar, de vez, uma professora, que o blog foi sendo escrito, e é por isso que por vezes, os posts parecem o relato de uma professora em dúvida.
"O que é importante conhecer? O que é importante fazer?"
São dúvidas existenciais, mas com as quais eu lido quase sempre, afinal, espero que meu trabalho dê ferramentas para meus alunos resolverem, pelo menos em parte, essas questões.
Mais, olha, nem eu sei essas respostas dessas questões para a minha vida, como vou ajudar os outros a alcançá-las? E assim surgem as angústias...
A gente lê vários livros de pedagogia e as dúvidas só aumentam...
Ai o blog virou desabafos de uma professora ansiosa e em crises existenciais-pedagógicas.
Como se não fosse só isso, ainda tenho que estudar biologia, hehe
Aguardem mais crises!