segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Parafraseando: sobre leitura e burrice

Começando do começo: O título dessa postagem se refere a crônica "Sobre leitura e burrice" de Rubem Alves.

Rubem Alves é jornalista e escritor. Ele tem vários livros publicados, muitos dos quais sobre educação. Na minha curta experiência nessa área, eu já percebi que muita gente AMA o que ele diz e muitos outros ODEIAM.

O fato é que ele escreve sobre uma educação baseada no prazer do aprendizado, sem explicar muito bem como se faz isso. Eu já conhecia um livro dele há um tempo, chamado "Por uma educação mais romântica", mas foi ao comprar um livro do Gilberto Dimenstein que eu me deparei mais uma vez com o Rubem Alves.

A história é a seguinte: comprei um livro do GD pelo site submarino e por mais R$ 12,90 eu levaria um livro do Rubem, chamado "Entre a ciência e a sapiência - o dilema da educação". Como, naquela época, eu já fazia a linha cientista-que-critica-a-ciência, comprei, afinal era mais 12,90 com frete grátis!

Isso já faz um certo tempo, mas eu só fui ler de fato esse livro esse ano. Estava gostando MUITO até que me deparei com essa crônica. Nela, ele defende a idéia de que ler demais emburrece, e diz que a tese de que "livros: quanto mais melhor" equivale a dizer que "comida: quanto mais melhor", se referindo a essas pessoas que tem o hábito de querer entupir as outras de comida, o prazer inicial se transforma em indigestão.
Quando comecei a ler, me identifiquei porque, no colégio, fui obrigada a "engolir" muitos livros chatos com o ápice em "São Bernardo" de Graciliano Ramos. Que me perdoem os amantes da literatura brasileira, mas tudo que eu pensei durante um ano foi em fazer uma fogueira com esse livro. O mais engraçado, é que não me lembro de nada do livro, nem sei dizer ao certo porque não gostei, mas a sensação de raiva por ele é muito marcada na minha mente.
Mas depois... fui pensando melhor e puxa vida, eu gosto muito de ler, e a maioria dos livros me acrescentaram muito!
Mas o Rubem pega pesado! Ele cita Schopenhauer: "Quando lemos outra pessoa pensa por nós: só repetimos seu processo mental. Durante a leitura, nossa cabeça é apenas o campo de batalha de pensamentos alheios." e diz que ler é um ato de alienação.
Como pode um escritor dizer isso?

Bem, depois da minha raiva por "São Bernardo" vei o meu amor por dois livros em especial: "Tempo de Transcendência" do Leonardo Boff e "Pedagogia da Autonomia" de Paulo Freire.
Alguma coisa já mudou a sua vida? Algum livro já mudou a sua vida?
Esses mudaram a minha!
Quando li, reconheci valores importantes para mim, os quais eu estava meio desacreditada na época. Além disso, aprendi muitas coisas. Mas, nem Leonardo e nem Paulo me alienaram com suas idéias, por que eles sabem (ou sabiam) que quando eu lê-se as suas idéias, estaria munida de minhas percepções individuais.

Todos nós somos resultado de nossas experiências, e por isso nossa percepção é única e muito subjetiva. Achar que alguém vai sempre assimilar idéias de forma passiva e descontextualizada é no mínimo uma ingenuidade.