quarta-feira, 16 de abril de 2008

De volta as questões da professora

Olá meus caros,
Vou interromper os posts sobre as visões sobre o feminino para um breve desabafo docente. Em breve eu continuo...

Fim de bimestre é quando ser professor se torna mais intenso em nossas vidas!
Isso certamente é decorrente das famosas provas bimestrais.
Ontem falei (às 23h) com um amigo que prepara 3 provas e hj falei com uma amiga que ia passar o feriado corrigindo-as. Eu mesma nesse momento estou em casa, corrigindo as provas dos meus aluno. Pretendo passar o dia inteiro (até a noite) fazendo isso, mas em um período de tédio, resolvi passar aqui e escrever.

Como diz o Philippe Perrenoud: "a avaliação pode assumir cerca de um terço (ou até a metade) do tempo gasto por um professor, tanto em sala de aula, quanto na preparação. A elaboração das provas e sua correção representa um fardo bem conhecido no trabalho solitário dos professores."
"As práticas correntes de avaliação tomam um tempo considerável e absorvem muita energia e engenhosidade, tanto dos professores quanto dos alunos. Mesmo que o professor não crie sozinho seus instrumentos de avaliação a cada ano, não cessa de remanejá-los e de hesitar em diversas soluções: partir de uma prova antiga ou de uma prova administrada por um colega, partir do zero e preparar uma prova totalmente nova, combinar dois métodos; deve-se ajustar as provas antigas a que se ensinou realmente, renunciar a certas questões que não convém mais, introduzir novos temas, reformular certas instruções."

Realmente eu percebo que é exatamente assim que eu procedo, e vejo meus amigos fazendo o mesmo.

Perrenoud continua:
"O investimento , por parte dos alunos, é diferente, mas não menor. Em torno da avaliação se estabelecem competições, estresse, sentimentos de injustiça, temores em relação aos pais, ao futuro, à auto-imagem. A avaliação implica as famílias e mobiliza também suas esperanças e suas angústias, que pesam direta e indiretamente sobre os alunos e professores."

Tento sempre ter em mente essas idéias e toda vez que passa pela minha cabeça a idéia de fazer uma prova digamos punitiva (do tipo, fazer uma prova muito difícil para "ferrar" com uma turma barulhenta) relembro desse texto e de cada indivíduo que é afetado com esse tipo de atitude vingativa de determinados professores. Além disso, como dizem os behavioristas, punir não é nada aconselhável em um processo de aprendizagem (isso eu tenho que concordar, apesar de discordar de muitas coisas do behaviorismo).

No fim, sempre resta a dúvida: o que fazer? Deixar de aplicar provas?
Não acredito muito nessa idéia, afinal, a prova é um momento que o aluno tem para organizar suas idéias de forma individual, só ele e seus pensamentos.
Na outra mão, o professor pode avaliar essa produção individual, a expressão escrita desse aluno e trabalhar essas questões, afinal aprender a se expressar é mais importante do que aprender qualquer conteúdo específico.

Como fazer então para que as provas não sejam tão massacrantes e enfadonhas na vida do professor e do aluno?
Isso é um grande busca minha como professora... estou aberta a sugestões :)

Bom, agora volto para a minha correção, hehe;

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Philippe Perrenoud - Avaliação - Da Excelência à Regulação das Aprendizagens - Entre Duas Lógicas - Editora Artmed (a parte que eu cito está no capítulo 4 - Os procedimentos habituais de avaliação, obstáculos à mudança das práticas pedagógicas)

Um comentário:

Aline disse...

É amiga, nem me fale. Minhas provas ainda vão acontecer, mas só a elaboração já me tomou um dia e uma noite de elaboração. E o pior é que não tenho a mínima idéia do que vai ser dela. Procurei fazer uma prova consiste, mas não faço idéia do que será dos alunos nela. Depois volto aqui para comentar. bjos