quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Aos mestres, com carinho!

Quando estava na escola, adorava assistir às aulas.
Adorava aqueles professores que contavam história. Não me lembro bem dos conteúdos das aulas, mas lembro de várias das histórias que eles contavam.
Sempre me perguntava o que fazia um professor ser "bom" e o outro se "ruim".
Naquela época, eu achava que ser um bom professor era um dom, se nascia ou não com ele.
A minha vida então seguiu muitos caminhos, até o ponto de que decidi ser professora. E como fui professora (voluntária) antes dessa decisão, me perguntei se eu tinha esse tal "dom". Será que eu teria nascido com ele?
Na minha concepção, não, eu não nasci com esse dom. Quer dizer, não sou a professora mais querida, ou a mais bem sucedida, nem faço coisas mirabolantes e merecedoras de prêmios. Sou só mais uma professora.
E ai, o que fazer quando não se tem esse dom? Na minha concepção, na época, eu tinha que correr atrás do prejuizo, ou seja, estudar, tentar entender como se torna um bom professor. No começo, foi ao mesmo tempo instigante e desanimador. Afinal, eu teria que aprender mais biologia, mais pedagogia, mais psicologia, mais sociologia, mais história e quanto mais eu estudava, mais eu via que teria que aprender. Foi ai, que eu comecei a gostar dessa história de ser professora, e finalmente quando fiz o estágio, redescobri a escola! Ah, a escola que eu tinha tantas saudades, as histórias que eu ouvia...
Bom, hoje em dia, eu ouço muitas histórias! Histórias de professores, de alunos, da funcionária da secretaria, da cantina, do inspetor. Haja histórias! E são de todos os tipos!
O que mudou é que eu entendi que não tem nada dessa coisa de dom! Bom professor é aquele que quer ser bom, seja lá que linha filosófica siga, ele faz por onde para ser bom, mesmo que nem sempre seja, e nem sempre acerte. É aquele que, frente as angústias da profissão, se reinventa, se revê, se transforma, mesmo que sofra com isso, que viva correndo e por vezes desanimado!

Parabéns a todos os professores que querem ser bons! A folguinha é mais que merecida!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Você já ouviu falar na expressão "Zona de Conforto"?

Bom, eu a ouvi pela primeira vez esse ano, de uma amiga psicóloga. Achei uma expressão intrigante. Se nunca ouviu, eu coloquei um link, mas se colocar essa expressão no google, terão várias referências.

Esse ano passei por situações com as quais não sabia e não queria lidar, mas não tive opção. É quase como estar dormindo, numa cama quentinha e ter que ir dormir em uma tábua de madeira. Lá se foi a Zona de Conforto embora.

Em meio a minha turbulência pessoal, a diretora de uma das escolas que eu trabalho, disse que devíamos preparar os alunos para "as rasteiras que a vida dá". Segundo ela, às vezes está tudo em ordem, e ai, vem a vida e desestrutura tudo.
Naquele momento, minha vontade foi de perguntar para ela:
1- Como se faz?
2- Como se ensina como fazer isso?
Bem, como não tive coragem de perguntar na hora, fiquei desde então pensando no assunto. Uma vez passei por grandes mudanças, e me sentia como se estivesse em um quarto bagunçado, tendo que re-organizar meus sentimentos, como roupas em um armário e livros em uma prateleira. Nessas horas, seria bom uma mágica, ou pelo menos telecinese, mas o fato é que só nos resta arregaçar as mangas e trabalhar.
O problema é que depois que está tudo arrumadinho, ajeitado, a gente se pergunta, por que mudar? Está tão bom assim, do jeitinho que eu gosto. E é ai que caimos outra vez na Zona de Conforto.
Há um mês atrás, vi que estreiaria um filme com a Júlia Robert e o Javier Barden chamado "Comer, Rezar e Amar". Me chamou atenção pelos atores, mas logo me lembrei que esse era um nome de um best-seller, e como eu já disse aqui, tenho preconceitos com best-sellers. Mesmo assim, gosto desses atores, de ir ao cinema, e de filmes "água-com-açúcar", logo, quis ir assistir. Mas, o que me chamou mais atenção foi que na sinopse tinha a descrição de uma personagem que precisou abandonar sua Zona de Conforto e, caramba, lá está a tal da expressão outra vez.
Fui assistir ao filme no sábado passado e adorei. Ele mostra uma pessoa que vai para outros países para se entender, se redescobrir, se conhecer. Mas, por experiência própria, não é preciso ir tão longe.
O drama do fim do filme é que depois de tudo isso, é preciso se abrir para os outros, confiar, dividir. Mas ai é difícil, né? O quarto já está tão arrumadinho, e do nosso jeito... Por que mudar?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Humor é resultado da bioquímica?

Pergunto isso porque, em geral, sou muito bem humorada e meus momentos de mal-humor são curtos e acabam em piada. Ai, considerando que conheço muitas pessoas que vivem reclamando, me questiono se há algum fundo genético ou se o mal-humor é opção.

Tornei a pensar sobre isso, pois ontem, como por certas vezes, estava me sentindo melancólica. Aproveitei o fato de ter vindo ao nível do mar e fui passear na praia para pensar na vida... É impressionante como passear, ver e ouvir o mar ajudam nisso e como isso faz falta quando se está longe. Isso me faz pensar na questão de nossa identidade com o local em que fomos criados.

Bom, sentei em frente ao mar e "curti" minha melancolia... Às vezes somos impacientes e lamentamos o que não conseguimos. A cor do dia parecia estar refletindo como eu me sentia por dentro.



A pergunta: "Humor é bioquímico?" vem um pouco da idéia de que é estranho como estamos bem e de repente entramos em um estado de introspecção, ou pior, tristeza. E em nossa sociedade, estar triste é condenável, precisamos estar felizes sempre, como se isso fosse possível. E nessa "corrida" por ser feliz, estamos eternamente insatisfeitos e em busca de padrões do que seria essa tal felicidade.

Mas, se estar triste é ruim, e de fato é, o estado de melancolia, ao meu ver, é positivo, pois ele nos faz parar, refletir e reavaliar. E é isso que dá ferramentas para uma felicidade sólida e verdadeira e não uma euforia constante e artificial.

Na semana passada, quando escrevi que tinha me decepcionado, mas que isso tinha sido encarado como uma coisa positiva, alguns amigos me procuraram querendo saber o que houve. Achei engraçado como o foco deles foi no problema, queriam saber como eu estava, e não na minha descrição de que aquilo foi encarado de forma positiva. Claro que a preocupação é legitima e admirável, mas isso para mim mostra essa tendência que temos de achar que devemos estar sempre bem.

Talvez devessemos mesmo estar sempre bem, afinal, a maioria dos problemas é pequena frente aos problemas "reais" que tantos passam o tempo todo, mas é só quando encaramos os fatos e não nos vitimizamos que temos a serenidade para compreendermos isso e agirmos.