sábado, 1 de setembro de 2007

Sobre digestão e analogias

Há um tempinho não "apareço" por aqui.
Em parte isso se deve ao fato de eu estar usando muito do meu tempo livre para ler.
E se leio muito, preciso de um tempo para "digerir".
Digerir me lembra uma outra crônica do Rubem Alves presente no livro que eu comentei na última postagem. A crônica se chama"O que é científico? (II)" e nela, ele cita Nietzsche, quando ele diz "que a mente é um estômago". Quem entende como é o estômago entende como funciona a cabeça.
Nessa crônica, o Rubem discute a relevância do uso de analogia na educação. Muitos autores criticam o uso de analogias, pois elas fazem com que o aluno não compreenda de fato um conceito e sim vire um mero reprodutor da analogia em si, e não um conhecedor do tema objeto. Discussões a parte, e um pouquinho de senso comum: grandes professores meus abusavam de analogias e isso tornavam as suas aulas mais interessantes.
Mas não foi o controverso uso das analogias que me chamou mais atenção em si, e sim a relação estabelecida entre estômago e mente.

"O estômago é órgão processador de alimentos. Os alimentos são objetos exteriores, estranhos ao corpo. Ele os transforma em objetos interiores, semelhantes ao corpo. É isso que torna possível a assimilação. Assimilar significa, precisamente, tornar-se semelhante (de assimilare, ad + similis).
A mente é um processador de informações. Informações são objetos exteriores, estranhos à mente. A mente os transforma em objetos interiores, isto é, pensáveis."

O que mais me chamou atenção nessa crônica, foi entender o significado de "assimilar". Achei isso fantástico e belo: ad + similis, tornar-se semelhante. Que "imagem" mental!
Achei que precisava comentar isso com mais pessoas. Ser humano tem disso, precisa se comunicar e sair por ai ad + similis.