sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Aqui jaz um ideal

Bom, meus desabafos docentes aqui são freqüentes, mas hoje farei um grande desabafo!

Hoje, após um mês de trabalho, pedi exoneração do Estado. Estou sentindo um misto de felicidade, alívio e decepção.

Nesse um mês, sofri muito com o desrespeito e agressividade dos alunos. Por mais que a gente tente compreender o que os leva a ter esse tipo de comportamento, lidar com essa realidade é muito difícil e desgastante.

Eu ia dar aulas bem desanimada e nesse período, nutri sentimentos que eu confesso não ter experimentado antes (pelo menos não tão intensamente) como ódio, raiva, desprezo, aversão, auto-piedade, incapacidade entre outros.

Comecei a repensar minha vocação e desejo de ser professora e cheguei a cogitar abandonar essa profissão, mas nestes momentos, tive sempre em mente os outros trabalhos que eu já fiz e o quanto eu acreditava neles, o que em motivou a seguir em frente.

Ontem, sai de uma atividade nervosa, tremendo e atordoada em face as atitudes dos alunos. O que é isso? Como chegamos aqui? Sai na rua confusa, perdida, sem saber o que fazer e por fim percebi que esse era o meu limite e que não era para isso que eu estava ali. Pedi para sair.

Penso nos professores que continuam ali e não consigo entender o que os mantém lá, o que os motiva a acordar e ir trabalhar naquele lugar. Seriam heróis? Seriam covardes? Sinceramente, não consigo compreender.

A imagem que me veio a mente hoje foi da minha colação de grau na licenciatura. Lembro de ter jurado trabalhar em prol do ensino público de qualidade e lembro do meu orgulho e felicidade ao jurar isso. Comparo este sentimento altivo com a minha decepção e frustração. Por isso digo que aqui jaz um ideal. O ideal de que com ética, criatividade e dedicação podemos transformar o mundo. Não podemos não, o mundo às vezes devora e avassala a gente e destrói nossos ideais românticos. Acho que isso faz parte da vida adulta e é o que faz os adultos terem tantas saudades da juventude.

Saio dessa experiência mais individualista, menos esperançosa em relação aos rumos de nossa sociedade, mas estranhamente me sinto feliz, confiante e principalmente livre.

Um comentário:

Carlos Van Der Ley disse...

Isabel,
A Morte e sempre uma nova vida, pode parecer uma metáfora mas prefiro acreditar na Fênix.
Bjsss