Bom, meus desabafos docentes aqui são freqüentes, mas hoje farei um grande desabafo!
Hoje, após um mês de trabalho, pedi exoneração do Estado. Estou sentindo um misto de felicidade, alívio e decepção.
Nesse um mês, sofri muito com o desrespeito e agressividade dos alunos. Por mais que a gente tente compreender o que os leva a ter esse tipo de comportamento, lidar com essa realidade é muito difícil e desgastante.
Eu ia dar aulas bem desanimada e nesse período, nutri sentimentos que eu confesso não ter experimentado antes (pelo menos não tão intensamente) como ódio, raiva, desprezo, aversão, auto-piedade, incapacidade entre outros.
Comecei a repensar minha vocação e desejo de ser professora e cheguei a cogitar abandonar essa profissão, mas nestes momentos, tive sempre em mente os outros trabalhos que eu já fiz e o quanto eu acreditava neles, o que em motivou a seguir em frente.
Ontem, sai de uma atividade nervosa, tremendo e atordoada em face as atitudes dos alunos. O que é isso? Como chegamos aqui? Sai na rua confusa, perdida, sem saber o que fazer e por fim percebi que esse era o meu limite e que não era para isso que eu estava ali. Pedi para sair.
Penso nos professores que continuam ali e não consigo entender o que os mantém lá, o que os motiva a acordar e ir trabalhar naquele lugar. Seriam heróis? Seriam covardes? Sinceramente, não consigo compreender.
A imagem que me veio a mente hoje foi da minha colação de grau na licenciatura. Lembro de ter jurado trabalhar em prol do ensino público de qualidade e lembro do meu orgulho e felicidade ao jurar isso. Comparo este sentimento altivo com a minha decepção e frustração. Por isso digo que aqui jaz um ideal. O ideal de que com ética, criatividade e dedicação podemos transformar o mundo. Não podemos não, o mundo às vezes devora e avassala a gente e destrói nossos ideais românticos. Acho que isso faz parte da vida adulta e é o que faz os adultos terem tantas saudades da juventude.
Saio dessa experiência mais individualista, menos esperançosa em relação aos rumos de nossa sociedade, mas estranhamente me sinto feliz, confiante e principalmente livre.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
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Um comentário:
Isabel,
A Morte e sempre uma nova vida, pode parecer uma metáfora mas prefiro acreditar na Fênix.
Bjsss
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