terça-feira, 12 de junho de 2007

sobre o dia dos namorados e o pseudo-intelectualismo

Como estou solteira, resolvi me dar um presente de dia dos namorados.
Cedendo aos apelos capitalistas, a lógica é a seguinte: se não vou gastar dinheiro com alguém, gasto comigo mesma. Já ia gastar aquele dinheiro de qq forma, certo?!
Para creer que eu não sou tão influenciada pela sociedade de consumo, comprei um livro e mais ainda, um livro que critica o Capitalismo, hehe.

O livro chama-se "Educando à Direita - Mercados, Padrões, Deus e Desigualdade" e é de um autor norte-americano chamado Michael Apple, a quem tive a felicidade de "conhecer" no ano passado.
O Michael Apple critica a influência do capitalismo e neoliberalismo na política educacional dos EUA. Mas no fundo, o que ele escreve parece mto com o que vemos no Brasil (pq será?!).
Já no prefácio, uma passagem critica a classe média, o que vou transcrever no texto a seguir:

"Se, se um lado, os intelectuais da pequena burguesia manifestam seu antagonismo aos discursos e posições hegemônicos-conservadores - exprimindo seu intimismo - por outro, a eles aderem, e até mesmo servem - ficando à sombra do poder - porque na crítica, tomaram o cuidado de não atacar os problemas mais estruturais, possibilitando esta conciliação entre oposição e situação."

Eu poderia dar vários exemplos sobre isso, mas gosto muito de um: se por um lado, como professora, quero uma educação pública, de qualidade e libertária, por outro, como indivíduo, quero que meus filhos tenham acesso à uma escola que lhes permita passar no vestibular para uma boa universidade. Isso está acima da proposta pedagógica da escola.

Fiquei me sentindo uma pequena burguesa... uma pseudo-intelectual cooptada (adorei isso, "vira-e-mexe" me sinto assim!).
Mas por outro, o livro custou 40 reais. Se eu não fosse uma "pequena burguesa", não teria comprado o livro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Isaba, deve ser bom esse livro (mas eu não conheço o autor, não). Acho engraçadíssimas essas contradições inerentes à nossa condição de classe média... A primeira pessoa que eu li falando sobre isso foi a Marilena Chauí, no livro básico de Filosofia. A classe média, ao mesmo tempo que se identifica com a exploração sofrida pelas classes mais baixas (digamos, o "proletariado") e pede justiça social, no fundo almeja mesmo é ser burguesia. Como ser burguês não é exatamente uma opção, a classe média faz concurso público e vira burocrata, hehe :)

Estamos no caminho certo, amiga.

Beijos!