segunda-feira, 27 de setembro de 2010

As vezes eu pressinto...

Bom, uma pequena pausa nos estudos sobre tecido sanguíneo (ou uma pequena desculpa para uma pausa, rs).

Nesse fim de semana, recebi uma notícia que frustrou algumas expectativas minhas. O que a princípio deixaria qualquer um triste. Mas, eu mesma me surpreendi por não estar triste, e sim, talvez aliviada e logo depois feliz.
Questionei-me sobre como poderia estar feliz frente a uma decepção e percebi que aquela "perda" me abria outras possibilidades. Toda situação, por melhor que seja, tem os seus "contras" e quando perdemos algo, deixamos também esses contras para trás e ficamos abertos para o novo, novas possibilidades.
Na primeira vez que terminei um namoro, passado um certo tempo, pensei o quanto eu vivia esperando uma felicidade maior chegar e o quanto deixei de ser feliz nesta espera, e de repente tudo ruiu e ficou a sensação de que o que era bom não foi de fato aproveitado. O que levei dessa experiência foi o aprendizado de que devemos viver e sermos felizes no real, no presente, e não no que é idealizado. Isso é claro, é um exercício, não é fácil, e até mesmo doloroso no começo. Mas, quando eu passei a viver mais no “real”, logo após essa experiência, comecei a sentir mais a graça da vida, ser menos rigorosa, especialmente comigo mesma e consequentemente com os outros.
O que estou dizendo, de forma alguma exclui o fato de que temos que nos dedicar para construir as coisas, mas que devemos aproveitar a construção, o caminho em si e não esperar a obra ficar pronta para nos regozijarmos.
Tem uma música do Lenine, chamada “Só o que me interessa” que tem um verso que diz: “as vezes eu pressinto e é como uma saudade de um tempo que ainda não passou”. Esse verso me lembra uma cena do filme “Diários de Motocicleta”. Che estava visitando as ruínas andinas. Ele diz que é engraçado como sentimos saudades de algo que não vivemos. É claro, que os contextos são diferentes. A frase de Che se refere ao sentido de cultura e identidade latino-americana, mas essas duas obras expressam um sentimento freqüente em mim, o de que algo bom e especial sempre virá. Ai o equilíbrio está em não viver em um mundo de fantasias e sim construir...

2 comentários:

Mari disse...

Como gosto desses pensamentos isabelescos! Como gosto de trocar ideias contigo! (Ideias sem acento agora, por mais que você não goste :)
Escolhi esse trecho "devemos viver e sermos felizes no real, no presente, e não no que é idealizado."
Por que nós, mulheres, (ou pelo menos boa parte desse grupo) tem esse defeito de idealizar as coisas? A neurociência explica isso?
Vou levar o trecho que selecionei comigo, afinal segundo Einstein "a mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original."
Adoro você!

Luz disse...

Como sempre, você dizendo coisas tão pertinentes e tão profundas. Concordo com tudo o que disse, sempre! Você é uma pessoa incrível, que encontra formas simples de dizer coisas tão complexas!