Bom, eu evito escrever relatos sobre o meu dia a dia, e tento sim refletir sobre fatos cotidianos. Pois bem, acho que hoje vou ser mais descritiva mesmo. Estou doente. Nada grave, é como estar com uma gripe muito forte. Sinto dores no corpo, febre, dor de garganta. Em meio há muitos e variados conselhos, todos foram unânimes em dizer: "vá ao médico!" Como ontem, fiquei sem voz, e falar é o meu trabalho, segui esse sensato conselho e fui.
Ao chegar ao hospital, pediram que eu colocasse uma máscara, pois eu poderia estar com a ainda famosa gripe causada pelo H1N1. Como pessoa obediente e cumpridora dos deveres que sou, coloquei o raio da máscara. Um menino perguntou ao pai porque eu estava usando aquilo. O pai respondeu baixinho: "frescura filho, frescura..." e eu ali, achando que estava realmente fazendo uma coisa útil usando aquela máscara e evitando a contaminação alheia. Até ai nada de estranho, certo?! Bom, foi a partir dai que começa a questão. Quando o médico me chamou e me viu de máscara, deve ter achado que eu era portadora de uma epidemia mortal. Disse que eu não devia retirar a máscara pois ele não queria pegar o que eu tinha (seja lá o que fosse). Quando eu questionei como ele iria examinar a minha garganta então, ele pediu que eu retirasse a máscara, sem respirar, e olhou de longe por exatos 2 segundos. Deu o veredcto: Amigdalite viral e que desta forma eu não tinha que fazer nada só esperar. Perguntei a ele se eu devia fazer repouso então, já que sou professora e estava sem voz e com algo tão potencialmente contagioso. Ele disse que não e me olhou com uma cara como se eu não tivesse querendo trabalhar. O tempo total dessa consulta foi de menos de 5 minutos.
Hoje, como acordei me sentindo pior e ainda quase sem voz, decidi procurar um otorrinolaringologista. Ai vem o outro lado da profissão médica. Primeiro, ele me cumprimentou conversou, examinou (ouvido, nariz e garganta), me deu um diagnóstico, perguntou se eu tinha várias doenças e só então prescreveu os remédios, tomando cuidado de explicar toda a receita (leu ela comigo e a letra era legível). No final, ainda conversou comigo sobre como preservar a minha voz e disse que se um médico não quer examinar um paciente, deveria procurar outra profissão. Ele era daqueles médicos altos, muito brancos, com dedos grandes (que são os meus preferidos, rs, deve ser algum tipo de identificação nerd). Fui tão bem atendida que sai de lá até me sentindo melhor (mas ainda sem voz, rs) e me questionando: o que faz com que esses médicos tenham me tratado de forma tãaaaaaao diferente? Talvez o otorrino tenha uma maior especialização, mas será que isso justifica?
Quero guardar essa visão comparativa e usar no meu dia a dia e no meu exercício profissional. Em menos de 24h tive o exemplo de como NÃO quero ser e de como eu DEVO ser.
terça-feira, 1 de junho de 2010
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